quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

por isso eu canto a morte

Cantar
Desnudar-se diante da vida
... 

No cantar a lembrança se cria
E envelhece de repente
Vai solta no ar
Por isso eu canto ...

(cantar - tereza cristina)

Aceito. Reparo os acontecimentos com a frieza de quem já não quer mais tristeza, de quem deixa um amor partir. E canto. Não desejo a presença, não desejo o sorriso nem a fala. Só desejo. Desejo só. Saudade que perdeu o direito de ser lembrada em voz alta. Por ambos. Guarda-se a saudade, a fala, só há espaço, cavado na distância, pra um ligeiro abraço. Partes com partes de mim. Parto-me no parto de expulsar em demoradas contrações o rebento já em gestação: novo momento de vida, de mim. Nutro de experiência o luto que se transforma dia a dia em vida nova. Em fim.

Grito meu, forte como raio, delicado como orvalho, vai e diz pra Ele: ACABOU! Luz divina, ilumina o meu caminho ainda mais, nesse dia de Yemanjá. Repete comigo em ondas incansáveis, o amor acabou, acabou, acabou, acabou. Nas águas e no vento, no fogo, na terra, meu corpo se espalha!!! Estou livre! Amor de amarras, amor morto, vive em mim. Se olho pra trás e o campo é apenas cinza, estou feliz. Não quero esperança vazia dos eucaliptos tristes, quero a esperança da terra em pousio, do solo queimado que abre-se pra vida! A morte de um amor vive em mim. Que assim seja.



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