domingo, 26 de dezembro de 2010

esquecer

"tudo murcha, tudo finda, quando nas terras do ainda é plantado o nunca mais" (o fim - fred martins)

quero descansar. quero esquecer.

esquecer

esquec

esqu

es

e

.

se

ser

ser f

ser fel

ser feliz d

ser feliz de novo

.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

haverá dia mais triste?

haverá dia mais triste do que aquele em que vc está ao lado de quem se ama, e quem se ama está aparentemente feliz, e vc, com uma dor que não lhe cabe, sente o tempo passar arrastado? haverá dia mais triste do que aquele quando vc, ao lado dele, não tem mais felicidade e a areia da ampulheta parece não passar? haverá dia mais triste do que aquele em que a palavra "amar", escrita na pedra mais alta, soa como peça pregada pelo destino para fazê-lo rir?

dia mais triste é o dia em que vc entende o que é a eternidade. qdo o tempo não passa, ao invés de passar rápido demais. qdo vc se pergunta milhões de vezes que diabos vc está fazendo ali. qdo vc simplesmente se arrepende de estar ao lado dele. haverá, pergunto eu, coisa mais triste nessa vida?

pra coisa ficar ainda mais feia, o dia tava lindo. céu azul, minha filha feliz. depois o pôr do sol, a lua cheia. dia feito pra ser perfeito, mas pra mim, ouso afirmar, foi um dos dias mais tristes. é quando a gente não deseja ver o céu, quando a lua cheia incomoda..
haverá, francisco, dia mais triste? me responda, meu santo, por favor, pra acalmar meu coração.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Recado para mim mesma:

"DESEJO QUE VOCÊ TENHA A QUEM AMAR, E QUANDO ESTIVER BEM CANSADO AINDA EXISTA AMOR PRA RECOMEÇAR. PRA RECOMEÇAR"

Ontem o show da Adriana Partimpim foi ótimo. Dia fresco, ceú azul. Pais e filhos curtindo um bom sol à luz da Lapa, à sombra dos arcos. Maitê agarrada qual macaco no pescoço do pai, eu pulando qual macaca no chão. Respirando serenidade, enfim aceito meu destino. Abençoada por Francisco, desejo iniciar novo caminho. Não sei o que me aguarda, mas sei que vem muita coisa boa. Obviamente com desafios e pedras, mas essas eu deixo para trás. Todos os meus gestos ontem, todas as palavras, meu olhar, cada piscadela foi consciente, meu canto e minha dança, intensas e profundas. Eu estava comigo. Ontem eu me habitava e estava cheia de amor. De tranquilidade. De paz. (Em tempo: parei com a pílula! Aboli de vez Yasmin da minha vida! Credo...fiquei como louca nessa última semana, à flor da pele, "o medo era motivo de choro, desculpa pra um abraço ou um consolo" e transbordando tristeza e mágoa).


Minha única expectativa hoje é que esse momento se perpetue, que minha paz me acompanhe nos momentos mais difícieis, que eu encontre meus ossos e me deixe estruturar em bases renovadas. Quero regar as sementes de mim, brotar a flor que existe e eu desconheço ainda.

Amor pra recomeçar uma vida nova. Enfim.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

(não vá) ainda...

O que você quer?

O que você sabe?
Não é fácil prá mim
Meu fogo também me arde
Às vezes
Me vejo tão triste...

Onde você vai?
Não é tão simples assim
Porque às vezes
Meu coração não responde
Só se esconde e dói...

Por favor não vá ainda
Espera anoitecer
A noite é linda
Me espera adormecer
Não vá ainda
Não, não vá ainda...

Me diga como você pode
Viver indo embora
Sem se despedaçar
Por favor me diga agora
Ou será!

Que você nem quer perceber?
Talvez você
Seja feliz sem saber...

Por favor não vá ainda
Espera anoitecer
A noite é linda
Me espera adormecer
Não vá ainda
Não, não vá ainda...

Por favor não vá ainda
Espera anoitecer
A noite é linda
Me espera adormecer
Não vá ainda
Espera anoitecer...


http://letras.terra.com.br/zelia-duncan/43891/

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

abraço

"Nunca digas que esqueceste um amor. Diga apenas que consegue falar nele sem chorar, pois o amor é... inesquecível." (GRosa)
 
fiquei três dias abraçada a ele. seu abraço forte de domingo só me largou no meio da semana...tanta saudade..imobilizada, vi o quanto ainda o amo, pois apenas seu abraço, seu calor, seu cheiro me tranquilizam..nem que por apenas um instante. e fecho os olhos, úmidos, cansados..


(e-mail a um amigo)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

(m)eu caminho..

A melhor expressão de um amor é o que cada coração percebe. Pra uns pode ser o próprio filho. Pra outros, uma rosa, um cheiro, um cuidado. Pra mim, a melhor expressão é sua força, sua capacidade de acreditar. O amor descrente não é belo, vivo ou alegre. É só vazio.

A maior expressão do amor descrente é sua decisão de seguir em frente sozinho. É tornar-se fraterno e apenas amigo. Para aquele que ama o amor de amizade, o filho comove, a ponto de simbolizar o amor que passou. Mas para aquele que ama o amor crente e ainda pulsante, a melhor e maior expressão de um amor só pode ser a escolha pelo aprendizado juntos, o cuidado intenso e cotidiano.

Para mim, o filho é leveza, esperança, alegria. Filho é vida. Melhor expressão do meu amor? Não. A melhor expressão do meu amor está dentro de mim. É minha escolha. Minha disposição para cuidar. Minha paciência para aprender.

Eu amei esse amor disposto. Vivi sua melhor expressão: acreditar, querer a vida inteira ainda juntos. Hoje deixo partir algo que já foi. Devo permitir sair algo que já está fora. Me distanciar de algo já tão distante. Ao amor já transformado me rendo. Me entrego à vida e às suas surpresas. Quando sinto saudade, é saudade do olhar que sorria acreditando ser pra vida inteira. Saudade do assunto, não da conversa sobre.

O que mais dói? É escolher por mim, não por nós. É não querer mais ir atrás de quem caminha já outra estrada. É sentir que meu coração está frio, é perceber que ainda não consigo o abraço forte. É me calar, e ter a certeza de que é a melhor opção. O que mais dói? É amanhecer. Amadurecer. E de repente deixar morrer em mim esse amor e sua melhor expressão: a beleza de acreditar.
 

"A vida ensina
E o tempo traz o tom
Prá nascer uma canção
Com a fé do dia-a-dia
Encontro a solução
Encontro a solução...
Quando bate a saudade
Eu vou pro mar ...

....meu caminho só meu Pai pode mudar"

domingo, 7 de novembro de 2010

ela já vai




"Um dia ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer
Sim, eu sei que ela só vai
Achar alguém prá vida inteira
Como você não quis..."

(acima do sol - skank)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

o casal e a sala vazia



primeiro veio o rack. soberano, sozinho na sala vazia. uma semana depois, as cortinas. aí foi a vez do colchão. agora, quando as cortinas revelavam o quarto de casal, só se vê a cama desarrumada. aliás, eles nunca arrumam a cama. tá sempre do mesmo jeito, aquele lençol embolado e retorcido no meio, denunciando que dormiram juntos ali, no novo apartamento. mas ainda não se mudaram. no início do mês começaram a pintar a sala, jornal espalhado por todo lado. o rack não está mais sozinho, agora tem uma televisão, desligada, ainda abandonada no chão.

eu daqui, da minha janela, acompanho o casal que em breve deve se mudar para o apartamento da frente. devem estar de casamento marcado, tudo sendo arrumado com cuidado. eu olho e sorrio. e acompanho a chegada dos móveis, das cores. enquanto espero, a eterna espera de preencher de vida a minha própria sala vazia.

.....

"descobrir o verdadeiro sentido das coisas é querer saber demais" (o teatro mágico)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

de você sei quase nada.



"De você sei quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei
Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho

Será um atalho
Ou um desvio

Um rio raso
Um passo em falso
Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo"

........


quase nada...talvez o necessário.

que encanto é esse? de onde vem? será só atalho e desvio de nós mesmos?

me encantei por alguém..sim. e isso é maravilhoso, sentir o sorriso, ainda que nada saiba desse encanto. mas talvez seja mesmo esse o ensinamento, a lente de aumento que nos mostra algo muito maior. que a vida é feita de experiências. concretizadas, concretizáveis. a imagem que não sai da cabeça. a vontade de.

tento me libertar mas a palavra me prende. como se eu não pudesse dizer aqui essas coisas. mas sim, eu posso. me interessei por alguém que não conheço (ainda). mas nossos caminhos se cruzaram duas vezes! sim.

pode não se cruzar nucna mais. mas bastou para eu guardá-lo na memória. aquele menino. de você sei quase nada, mas muito acabo de aprender sobre eu mesma.

(feliz)

http://letras.terra.com.br/zeca-baleiro/49391/

sábado, 23 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Resposta ao Tempo (Nana Caymmi)

Batidas na porta da frente

É o tempo

Eu bebo um pouquinho

Pra ter argumento



Mas fico sem jeito

Calado, ele ri

Ele zomba

Do quanto eu chorei

Porque sabe passar

E eu não sei



Respondo que ele aprisiona


Eu liberto

Que ele adormece as paixões

Eu desperto



E o tempo se rói

Com inveja de mim

Me vigia querendo aprender

Como eu morro de amor

Prá tentar reviver...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Jardim de Rubem

"Depois de uma longa espera consegui, finalmente, plantar o meu jardim (...). Não chamei paisagista. Paisagistas são especialistas em jardins bonitos. Mas não era isto que eu queria. Queria um jardim que falasse (...). Onde uma Meninazinha, banguelinha, brinca de se fazer Fada...  É preciso ter saudades para saber. Somente quem tem saudades entende os recados dos jardins. Não chamei um paisagista porque, por competente que fosse, ele não podia ouvir os recados que eu ouvia. As saudades dele não eram as saudades minhas.

Queria o jardim dos meus sonhos, aquele que existia dentro de mim como saudade. O que eu buscava não era a estética dos espaços de fora; era a poética dos espaços de dentro. Eu queria fazer ressuscitar o encanto de jardins passados, de felicidades perdidas, de alegrias já idas (...).

Uma pessoa, comentando este meu jeito de ser, escreveu: "Coitado do Rubem! Ficou melancólico. Dele não mais se pode esperar coisa alguma..." Não entendeu. Pois melancolia é justamente o oposto: ficar chorando as alegrias perdidas, num luto permanente, sem a esperança de que elas possam ser de novo criadas. Aceitar como palavra final o veredicto da realidade, do terreno baldio, do deserto. Saudade é a dor que se sente quando se percebe a distância que existe entre o sonho e a realidade. Mais do que isto: é compreender que a felicidade só voltará quando a realidade for transformada pelo sonho, quando o sonho se transformar em realidade. Entendem agora por que um paisagista seria inútil? Para fazer o meu jardim ele teria que ser capaz de sonhar os meus sonhos...

Sonho com um jardim. Todos sonham com um jardim. Em cada corpo, um Paraíso que espera...  

Se, no teu centro
um Paraíso não puderes encontrar,
não existe chance alguma de, algum dia,
nele entrar.
(Angelus Silésius)

 Metáfora: somos a borboleta. Nosso mundo, destino, um jardim.(...)"


Retirado do site http://www.rubemalves.com.br/jardim.htm

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

o vento vai dizer..




http://www.youtube.com/watch?v=x0sl8AXSJ94&feature=related

não te dizer o que eu penso
já é pensar em dizer...

sinto que é como sonhar
que o esforço pra lembrar
é a vontade de esquecer...

se a gente já não sabe mais
rir um do outro meu bem então
o que resta é chorar e talvez..

e como será?
o vento vai dizer
lento o que virá,
e se chover demais,
a gente vai saber,
claro de um trovão,
se alguém depois
sorrir em paz.
só de encontrar... ah!!!

domingo, 26 de setembro de 2010

liberdade

"LIBERDADE NA VIDA É TER UM AMOR PRA SE PRENDER" (F. Carpinejar)

ai de mim que sou assim...

quando essa saudade me largar, deixarei ele se aproximar.
e vou revelar um segredo que só eu sei...uma mania de banho. coisa minha.
vou fazer bolas de sabão e novas chaves.
e se ele rir de mim vendo filme de terror, terei a certeza de que chegou.

de braços abertos direi,
cuida de mim, meu novo amor.

primavera

bem-vinda primavera.




Cortar o tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente

(C.D. de Andrade)




a arte do desencontro

fresquinho, do consultório poético de carpinejar.
(uma moça se incomoda com a "separação amigável", essa velha da maçã, que sob a boa aparência,  pode se revelar a mais cruel das situações para um casal que decide trilhar rumos diferentes).

"Querida Cecília
Eu também fico intrigado com a separação amigável. É a que mais machuca na verdade. Porque não há catarse, explosão, exorcismo. É um acordo contido, vizinho de porta da indiferença. Aceitam que não deram certo e tomam caminhos contrários. Ajudam inclusive na mudança. Não se importam muito em perder o futuro a ponto de jorrar culpa e maldizer os bons modos. Quer algo mais irritante do que alguém educado numa despedida?  A vontade é chacoalhar os ossos do vivente. Que seja cínico, nunca educado.

Não concordo com sua teoria que é melhor acabar antes do ódio. Eu somente acabo quando odeio e ainda assim devoro todas as sobras, testo a paciência. Não deixo nada no prato, raspo com a colher. Odiar é uma rara chance de reconciliação. Vocês não foram nem capazes de se odiar, que amor é esse? 

Por vezes, reprimimos o nosso temperamento para agradar. (...)
 
O amor não é para os equilibrados. Não somos feitos para nos encaixar, mas para arrebentar as caixas.  (...)

Seduzir é cutucar, esbarrar, encher o saco, expor as fantasias, ensaiar aproximações novas, não desistir da personalidade, contrariar as expectativas, fazer drama para despencar na comédia. A tara pede exclusividade. O sexo depende do conflito.

Ser a melhor pessoa é uma ofensa para mim, desejo ser a pessoa predileta, a pessoa necessária".


...........

grifos meus.

talvez a vida seja a arte do desencontro, embora haja tanto encontro pela vida.

ahow!

....




sexta-feira, 24 de setembro de 2010

vivo em carne viva

"o espírito que atravessa a perda e então volta para o amor, e para o amor de novo" 
(clarissa p. estés em "a ciranda das mulheres sábias")

eis o percurso de um legítimo e profundo aprendizado: a travessia da perda. perder algo ao qual vc por tanto tempo impregnou de afeto e memória e alegria é num primeiro momento desesperador. e num segundo momento também. talvez pormuito tempo, só que a intensidade vai diminuindo. até desaparecer. e a perda vira uma entidade amorosa, você passa amar essa travessia ao novo e ao inesperado. e enfim, tomadas de súbido pela ternura vinda da dor mais doída, agradecemos.

a perda é uma grande viagem. nos desestabiliza e nos obriga a gritar de dor. o grito da ave de rapina de clarice, irrizada e intranquila. grito de dor e de cura, que nos indaga: o que fazer agora? e nos empurra para o vazio.

movimente-se, menina. chore mil lágrimas e depois sorria. sorria mil sorrisos e chore um pouco. mas siga sempre. admire o espanto de ser quem você é.

clarice tb diz: "vivo em carne viva. por isso procuro tanto dar pele grossa a meus persongens. só que não aguento e faço-os chorar à toa".

ai ai...isso não é um lamento. mas é muito parecido.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

sigo sorrindo

"Sorri quando a dor te torturar

E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doídos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz"

(C. Chaplin)


...sorrindo e distraindo a dor caminho, pois "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é"...

sábado, 4 de setembro de 2010

este silêncio dentro de mim...

"A solidão entre nós, este silêncio dentro de mim
É a inquietude de viver a vida sem você"
 
(la solitudine - r. russo)
 
......
 a solidão. o nós. o silêncio. o mim.

a inquietude. a vida. o viver.
 

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

permitir a morte

"Uma loba matou seu filhote que estava mortalmente ferido. Para mim foi como uma dura lição sobre a compaixão e a necessidade de permitir que a morte venha aos que estão morrendo"

.....

sobre a dura lição me permitir matar um amor mortalmente ferido.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

o mandarim, a espera e o mistério

"Um mandarim estava enamorado de uma cortesã. “Serei tua, diz ela, quando
passares cem noites me esperando sentado num tamborete, em meu jardim, sob
minha janela. Mas, na nonagésima nona noite o mandarim se levantou, pôs seu
tamborete debaixo do braço e partiu". 
(r. barthes, "fragmentos de um discurso amoroso")
 ............
cortesã não sou, porque, como diz saramago, não tenho o poder de deixar ninguém esperando por mim. sou então o mandarim, que de tanto esperar seu amor, dele desistiu. parto-me. e vou embora.

domingo, 22 de agosto de 2010

esse meu jeito...(feio de não saber lhe perder)

"O não sentido das coisas me faz ter
um sorriso de complacência. De certo tudo deve estar sendo o que é".

"Saber desistir. Abandonar ou não abandonar — esta é muitas vezes
a questão para um jogador. A arte de abandonar não é ensinada a
ninguém. E está longe de ser rara a situação angustiosa em que devo decidir
se há algum sentido em prosseguir jogando. Serei capaz de
abandonar nobremente? ou sou daqueles que prosseguem teimosamente
esperando que aconteça alguma coisa? como, digamos, o próprio fim do
mundo?" (c. lispector - sopro de vida - indicação e presente de meu amigo leif).

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...


Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...


(a. calcanhoto - esquadros)



domingo, 15 de agosto de 2010

disfunção lírica


"se enamora
quem vê você chegar com tantos sonhos
e os olhos tão ligados nesses sonhos..." 
(se enamora, turma do balão mágico)


Dos sete sintomoas nomeados por Manoel de Barros para a disfunção lírica dos poetas, o sétimo é o que mais gosto:

7. Mania de comparecer aos próprios desencontros.


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

eu to passando a vez

http://www.letras.com.br/anelis-assumpcao/passando-a-vez

"Disperdicei o meu coringa
Eu vou baixar a minha trinca
E vou sair da mesa

Eu vou meter um salto alto
Desfilar na avenida
Pagando de princesa

Eu to passando a vez, eu to passando a vez

Minha cerveja esquentou
Minha batata já assou
Cansei dessa conversa

Eu truco, você pede 6
Já vi que não é dessa vez
Que eu vou fazer a festa

Eu to passando a vez, é eu to passando a vez"


Adorei essa músicaaaaa! A letra é descontraída e a voz da Anelis (que ouvi ontem pela primeira vez no rádio) é uma delicia!
A idéia é essa, reconhecer que o jogo acabou pra vc, saber blefar, saber perder. Com graça, com leveza. Se a cerveja já esquentou, se a batata já assou, se o coringa já foi desperdiçado...o que fazer na mesa? Ou vire o jogo ou saia da jogada...ou saia da jogada para virar o jogo.

Saí da mesa. Enfim....eu to passando a vez!!!

"Tá na mão dama de copas..."

sábado, 7 de agosto de 2010

começo

"vale o meu pranto
que se canto em solidão
nessa espera o mundo gira
em linhas tortas...

...tristeza nunca mais".

é preciso aceitar as escolhas do outro, é preciso construir novamente as suas. hoje escolho estar mais só do que nunca, notícias apenas do meu mundo. e começo, um começo quase imperceptível, ínfimo diante de tanta vida ainda pela frente, a escolhar notas para meu cantar. que este meu cantar me encante a mim e que reconstrua um sorriso lá dentro e que ele se faça ver em cada gesto meu, tão meu. é preciso se apossar de si mesmo às vezes. quero cantar. e ouvir outros cantos em cantos outros nesse caminho aprendiz.