terça-feira, 2 de novembro de 2010

o casal e a sala vazia



primeiro veio o rack. soberano, sozinho na sala vazia. uma semana depois, as cortinas. aí foi a vez do colchão. agora, quando as cortinas revelavam o quarto de casal, só se vê a cama desarrumada. aliás, eles nunca arrumam a cama. tá sempre do mesmo jeito, aquele lençol embolado e retorcido no meio, denunciando que dormiram juntos ali, no novo apartamento. mas ainda não se mudaram. no início do mês começaram a pintar a sala, jornal espalhado por todo lado. o rack não está mais sozinho, agora tem uma televisão, desligada, ainda abandonada no chão.

eu daqui, da minha janela, acompanho o casal que em breve deve se mudar para o apartamento da frente. devem estar de casamento marcado, tudo sendo arrumado com cuidado. eu olho e sorrio. e acompanho a chegada dos móveis, das cores. enquanto espero, a eterna espera de preencher de vida a minha própria sala vazia.

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"descobrir o verdadeiro sentido das coisas é querer saber demais" (o teatro mágico)

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